sexta-feira, 1 de junho de 2018

PLANO DE AULA Escravidão africana - EJA



HISTORIA – 2º ano EJA

Autoria: Profa. Maria Aparecida

Conteúdo: A colonização do Brasil – Escravidão africana (3 aulas)

Habilidade: Compreender a escravidão no Brasil e refletir sobre a utilização da mão de obra escrava no Brasil.

Objetivos:

  •  Conhecer a trajetória dos africanos e a Diáspora Africana.
  •  Entender sobre as razões do predomínio da mão de obra africana
  • Identificar os mecanismos de escravidão na África antes dos europeus
  • Avaliar criticamente as formas de obtenção e fornecimento dos escravos para a América portuguesa


1ª aula

Assistir com os alunos o  primeiro episodio ( 19 minutos) de Ecos da escravidão – caminhos da reportagem disponível em https://www.youtube.com/watch?v=xR549adx5Go&t=146s
Após iniciar um debate sobre as impressões do tema exposto no vídeo.

2ª aula

Aula dialógica, com o mapa, explanando sobre os mecanismos de escravidão na África antes dos europeus chegarem.
Frisar a importância da diversidade de produtos saídos das Américas em direção à Europa e África e destacar o tráfico comercial que envolvia produtos dos três continentes, sendo a América produtora de gêneros tropicais, a Europa de produtos manufaturados e a África de escravos, o que permitirá maior acumulo de riquezas na Europa.

3ª aula

Trabalhar com os textos com o objetivo de reforçar e permita ao aluno interpretar historicamente acerca dos aspectos da escravidão africana no mundo moderno.

Avaliação:

Registro e interpretação das respostas dos textos lidos. Socialização coletiva das conclusões tiradas da leitura dos textos.

TEXTO 01

Que mecanismos levavam uma pessoa a ser escravizada na África?

Mas que mecanismos levaram à escravidão nas sociedades pré-coloniais africanas? Em termos gerais é sabido que o fornecimento de cativos provinha basicamente das guerras internas decorrentes das próprias estruturas econômicas de cada região, as quais remontavam à Antiguidade, tendo crescido com a expansão islâmica e com a demanda ao longo do Mediterrâneo.

Esses embates ocorriam por razões variadas como o rapto de mulheres de comunidades clânicas ou linhageiras, os conflitos entre “Estados” em formação ou mesmo entre os já constituídos ou ainda as guerras de expansão, assim chamadas porque os mercadores incorporavam povos tributários, segundo o sistema de servidão com tributos e prazos fixados pela tradição. Uma vez capturados, vendidos ou mesmo no caso de morrerem em combate, os filhos desses escravos não eram vendidos nem maltratados. Criados na maioria das vezes na corte, acabavam por reconhecer o soberano como seu próprio pai; além disso, desempenhavam funções quasee sempre importantes nas esferas administrativas e militar.

O segundo mecanismo que levava à escravidão era a fome que, desestruturando uma sociedade impelia os destituídos a vender a si mesmos ou a seus filhos como escravos, como meio de sobrevivência. Por sua vez, o terceiro mecanismo era “resultado de punição judicial por algum crime ou como uma espécie de garantia para o pagamento de débito. No ultimo caso trata-se da difundida instituição de penhora humana. Nessas situações os escravos eram relativamente bem tratados: tinham acesso aos meios de produção (basicamente a terra), podiam casar-se com pessoas livres e eram considerados membros da família do senhor”.

HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005, p.37.

TEXTO 02

Deslocamentos populacionais forçados

O período da escravidão moderna pode ser considerado como o tempo de uma das maiores dispersões populacionais de toda a História. Calcula-se que mais de 12 milhões de africanos tenham sido trazidos para a América, estagnando a população da África, sendo que o número dos indivíduos que saiam era bem maior do que os que chegavam aos portos americanos. O tráfico de escravos provocou grande desestruturação no continente africano.

Com a interferência europeia, as práticas de escravidão mudaram na África. Alguns grupos se especializaram em fazer guerras com o objetivo de capturar prisioneiros. As guerras intertribais eram estimuladas pelos traficantes, os que não morriam eram escravizados pelos chefes vencedores e vendidos nos portos.  Os chefes locais africanos, denominados sobas, via nesse contexto uma grande fonte de lucros, passaram a então capturar seus conterrâneos e negociá-los com os traficantes em troca de fumo, tecidos, cachaça, armas, joias, vidros e outros produtos.

Hoje em dia, vários outros fatores obrigam as populações a se deslocar. É o caso dos conflitos armados entre povos, ou guerras civis dentro de um mesmo país. Grande parte desses conflitos tem acontecido na África.

Existe uma estreita relação entre a diáspora negra e a situação atual de intensa agitação e miséria em vários países da África. Além disso, as cicatrizes do sistema escravista na história contemporânea brasileira são enormes, embora nem sempre evidentes. As formas de discriminação, a má remuneração do trabalho braçal e as dívidas sociais com os descendentes das populações africanas escravizadas são alguns aspectos dessa história.

VICENTINO, Claudio. História Geral do Brasil/Claudio Vicentino, Gianpaolo Dorigo, 2ª Ed.São Paulo, Scipione, 2013,p.41-47.  



TEXTO 03

O navio negreiro
Biografia de Mahommah Baquaqua

Seus horrores, ah! Quem pode descrever? Ninguém pode retratar seus horrores tão fielmente como o pobre desventurado, o miserável desgraçado que tenha sido confiado em seus portais. Oh! Amigos da humanidade, tenham piedade do pobre africano, alijado, afastado de seus amigos e de seu lar, ao ser vendido e depositado no porão de um navio negreiro, para aguardar ainda mais horrores e misérias em uma terra distante, entre religiosos e benevolente. Sim, até mesmo entre eles. Mas, vamos ao navio! Fomos arremessados, nus, porão adentro, os homens apinhados de um lado, mulheres do outro. O porão era tão baixo que não podíamos ficar em pé, éramos obrigados a nos agachar ou sentar no chão. Noite e dia eram iguais para nós, o sono nos sendo negado devido ao confinamento de nossos corpos. Ficamos desesperados com o sofrimento e fadiga.

Oh! A repugnância e a imundície daquele lugar horrível nunca serão apagadas da minha memória. Não: enquanto a memória mantiver seu posto nesse cérebro distraído, lembrarei daquilo. Meu coração até adoece ao pensar nisso. (...)

A única comida que tivemos durante a viagem foi milho velho cozido. Não posso dizer quanto tempo ficamos confinados assim, me pareceu muito tempo. Sofríamos muito por falta de água, que nos era negada na medida de nossas necessidades. Um quartilho por dia era tudo que nos permitiam e nada mais. Muitos escravos morreram no percurso. (...)

Quando qualquer um de nós se tornava rebelde, sua carne era cortada com uma faca e o corte esfregado com pimenta e vinagre para torná-lo pacífico. Como os demais fiquei muito mareado de inicio, mas nosso sofrimento ‘não causou preocupação nenhuma  aos nossos brutais dono (...) Alguns foram jogados no mar antes que o ultimo suspiro exalasse de seus corpos, quando supunham que alguém não iria sobreviver, era assim que se livravam dele. Apenas duas vezes durante a viagem nos permitiram subir ao convés para que pudéssemos nos lavar – uma vez enquanto estávamos em alto-mar, e outra pouco antes de entrarmos no porto. (...)

O africano Mahommah Baquaqua foi trazido para o Brasil, no início do século XIX, aproximadamente. Escravizado em Pernambuco, ali ficou até ser vendido a um capitão de navio. Depois de viajar ao Rio Grande do Sul, foi para os Estados Unidos, onde fugiu para conseguir a liberdade. Sua biografia foi editada pelo abolicionista Samuel Moore e publicada em 1854, em Detroit.

Após ler os textos, responda as questões abaixo:
  1. O texto 02 fala sobre as cicatrizes do sistema escravista aponte exemplos concretos dessas cicatrizes?
  2.  Com base nos textos explique o que mudou nas características da escravidão existente na África depois da chegada dos europeus.
  3. Cite as formas de trabalhos em que os escravos no Brasil foram inseridos e quais as formas de resistência eles praticavam.
  4. Reflita e opine sobre o assunto tratado no Texto 03, se o fato de o autor ter viajado em um navio negreiro como escravo torna o seu relato mais confiável? Justifique.
  5. O principal elemento do comércio triangular foi o chamado tráfico negreiro, que envolvia o aprisionamento de africanos em seus povos, sua transferência forçada – a diáspora africana – por meio dos navios negreiros e a chegada ao novo mundo. Escreva como esse movimento era organizado.


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