HISTORIA
– 2º ano EJA
Autoria:
Profa. Maria Aparecida
Conteúdo:
A colonização do Brasil – Escravidão africana (3 aulas)
Habilidade:
Compreender a escravidão no Brasil e refletir sobre a utilização da mão de obra
escrava no Brasil.
Objetivos:
- Conhecer a trajetória dos africanos e a Diáspora Africana.
- Entender sobre as razões do predomínio da mão de obra africana
- Identificar os mecanismos de escravidão na África antes dos europeus
- Avaliar criticamente as formas de obtenção e fornecimento dos escravos para a América portuguesa
1ª
aula
Assistir
com os alunos o primeiro episodio ( 19 minutos) de Ecos da
escravidão – caminhos da reportagem disponível em https://www.youtube.com/watch?v=xR549adx5Go&t=146s
Após
iniciar um debate sobre as impressões do tema exposto no vídeo.
2ª
aula
Aula
dialógica, com o mapa, explanando sobre os mecanismos de escravidão na África antes
dos europeus chegarem.
Frisar
a importância da diversidade de produtos saídos das Américas em direção à
Europa e África e destacar o tráfico comercial que envolvia produtos dos três
continentes, sendo a América produtora de gêneros tropicais, a Europa de produtos
manufaturados e a África de escravos, o que permitirá maior acumulo de riquezas
na Europa.
3ª
aula
Trabalhar
com os textos com o objetivo de reforçar e permita ao aluno interpretar
historicamente acerca dos aspectos da escravidão africana no mundo moderno.
Avaliação:
Registro
e interpretação das respostas dos textos lidos. Socialização coletiva das conclusões
tiradas da leitura dos textos.
TEXTO
01
Que
mecanismos levavam uma pessoa a ser escravizada na África?
Mas
que mecanismos levaram à escravidão nas sociedades pré-coloniais africanas? Em
termos gerais é sabido que o fornecimento de cativos provinha basicamente das
guerras internas decorrentes das próprias estruturas econômicas de cada região,
as quais remontavam à Antiguidade, tendo crescido com a expansão islâmica e com
a demanda ao longo do Mediterrâneo.
Esses
embates ocorriam por razões variadas como o rapto de mulheres de comunidades
clânicas ou linhageiras, os conflitos entre “Estados” em formação ou mesmo
entre os já constituídos ou ainda as guerras de expansão, assim chamadas porque
os mercadores incorporavam povos tributários, segundo o sistema de servidão com
tributos e prazos fixados pela tradição. Uma vez capturados, vendidos ou mesmo
no caso de morrerem em combate, os filhos desses escravos não eram vendidos nem
maltratados. Criados na maioria das vezes na corte, acabavam por reconhecer o
soberano como seu próprio pai; além disso, desempenhavam funções quasee sempre
importantes nas esferas administrativas e militar.
O
segundo mecanismo que levava à escravidão era a fome que, desestruturando uma
sociedade impelia os destituídos a vender a si mesmos ou a seus filhos como
escravos, como meio de sobrevivência. Por sua vez, o terceiro mecanismo era
“resultado de punição judicial por algum crime ou como uma espécie de garantia
para o pagamento de débito. No ultimo caso trata-se da difundida instituição de
penhora humana. Nessas situações os escravos eram relativamente bem tratados:
tinham acesso aos meios de produção (basicamente a terra), podiam casar-se com
pessoas livres e eram considerados membros da família do senhor”.
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na
sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005,
p.37.
TEXTO
02
Deslocamentos
populacionais forçados
O
período da escravidão moderna pode ser considerado como o tempo de uma das
maiores dispersões populacionais de toda a História. Calcula-se que mais de 12
milhões de africanos tenham sido trazidos para a América, estagnando a
população da África, sendo que o número dos indivíduos que saiam era bem maior
do que os que chegavam aos portos americanos. O tráfico de escravos provocou
grande desestruturação no continente africano.
Com
a interferência europeia, as práticas de escravidão mudaram na África. Alguns
grupos se especializaram em fazer guerras com o objetivo de capturar
prisioneiros. As guerras intertribais eram estimuladas pelos traficantes, os
que não morriam eram escravizados pelos chefes vencedores e vendidos nos
portos. Os chefes locais africanos, denominados
sobas, via nesse contexto uma grande
fonte de lucros, passaram a então capturar seus conterrâneos e negociá-los com
os traficantes em troca de fumo, tecidos, cachaça, armas, joias, vidros e
outros produtos.
Hoje
em dia, vários outros fatores obrigam as populações a se deslocar. É o caso dos
conflitos armados entre povos, ou guerras civis dentro de um mesmo país. Grande
parte desses conflitos tem acontecido na África.
Existe
uma estreita relação entre a diáspora negra e a situação atual de intensa
agitação e miséria em vários países da África. Além disso, as cicatrizes do
sistema escravista na história contemporânea brasileira são enormes, embora nem
sempre evidentes. As formas de discriminação, a má remuneração do trabalho
braçal e as dívidas sociais com os descendentes das populações africanas
escravizadas são alguns aspectos dessa história.
VICENTINO, Claudio. História Geral do Brasil/Claudio
Vicentino, Gianpaolo Dorigo, 2ª Ed.São Paulo, Scipione, 2013,p.41-47.
TEXTO
03
O navio
negreiro
Biografia de Mahommah Baquaqua
Seus
horrores, ah! Quem pode descrever? Ninguém pode retratar seus horrores tão
fielmente como o pobre desventurado, o miserável desgraçado que tenha sido
confiado em seus portais. Oh! Amigos da humanidade, tenham piedade do pobre
africano, alijado, afastado de seus amigos e de seu lar, ao ser vendido e
depositado no porão de um navio negreiro, para aguardar ainda mais horrores e
misérias em uma terra distante, entre religiosos e benevolente. Sim, até mesmo
entre eles. Mas, vamos ao navio! Fomos arremessados, nus, porão adentro, os
homens apinhados de um lado, mulheres do outro. O porão era tão baixo que não
podíamos ficar em pé, éramos obrigados a nos agachar ou sentar no chão. Noite e
dia eram iguais para nós, o sono nos sendo negado devido ao confinamento de
nossos corpos. Ficamos desesperados com o sofrimento e fadiga.
Oh!
A repugnância e a imundície daquele lugar horrível nunca serão apagadas da
minha memória. Não: enquanto a memória mantiver seu posto nesse cérebro
distraído, lembrarei daquilo. Meu coração até adoece ao pensar nisso. (...)
A
única comida que tivemos durante a viagem foi milho velho cozido. Não posso
dizer quanto tempo ficamos confinados assim, me pareceu muito tempo. Sofríamos
muito por falta de água, que nos era negada na medida de nossas necessidades.
Um quartilho por dia era tudo que nos permitiam e nada mais. Muitos escravos
morreram no percurso. (...)
Quando
qualquer um de nós se tornava rebelde, sua carne era cortada com uma faca e o
corte esfregado com pimenta e vinagre para torná-lo pacífico. Como os demais
fiquei muito mareado de inicio, mas nosso sofrimento ‘não causou preocupação
nenhuma aos nossos brutais dono (...)
Alguns foram jogados no mar antes que o ultimo suspiro exalasse de seus corpos,
quando supunham que alguém não iria sobreviver, era assim que se livravam dele.
Apenas duas vezes durante a viagem nos permitiram subir ao convés para que
pudéssemos nos lavar – uma vez enquanto estávamos em alto-mar, e outra pouco
antes de entrarmos no porto. (...)
O africano Mahommah Baquaqua foi trazido para o Brasil, no início do
século XIX, aproximadamente. Escravizado em Pernambuco, ali ficou até ser
vendido a um capitão de navio. Depois de viajar ao Rio Grande do Sul, foi para
os Estados Unidos, onde fugiu para conseguir a liberdade. Sua biografia foi
editada pelo abolicionista Samuel Moore e publicada em 1854, em Detroit.
Após
ler os textos, responda as questões abaixo:
- O texto 02 fala sobre as cicatrizes do sistema escravista aponte exemplos concretos dessas cicatrizes?
- Com base nos textos explique o que mudou nas características da escravidão existente na África depois da chegada dos europeus.
- Cite as formas de trabalhos em que os escravos no Brasil foram inseridos e quais as formas de resistência eles praticavam.
- Reflita e opine sobre o assunto tratado no Texto 03, se o fato de o autor ter viajado em um navio negreiro como escravo torna o seu relato mais confiável? Justifique.
- O principal elemento do comércio triangular foi o chamado tráfico negreiro, que envolvia o aprisionamento de africanos em seus povos, sua transferência forçada – a diáspora africana – por meio dos navios negreiros e a chegada ao novo mundo. Escreva como esse movimento era organizado.
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